Sobre ser feliz.

Há algum tempo, eu ouvi de uma pessoa muito próxima que meu jeito brincalhão de ser, na verdade, significava uma "máscara" que eu fazia questão de carregar para ser o centro das atenções e "esconder" minha tristeza.
Logo após essa "revelação", li em um teste desses de revista que o perfil de uma pessoa alegre e brincalhona era exatamente ser o centro das atenções e disfarçar sua fraqueza.
Parei para pensar e refletir sobre isso.
Vasculhei meus sentimentos, minhas atitudes porque não conseguia enxergar isso em mim. E não encontrei mesmo. Até que o universo trouxe a resposta e eu fiquei mais aliviada.
Durante meu dramático desabafo, uma amiga me falou: Dani, você já parou para pensar que você é simplesmente feliz?

Sorri e agradeci e comecei a entender que isso pode incomodar algumas pessoas.
Não preciso ser o centro das atenções porque minhas brincadeiras colocam os outros no centro, muito pelo contrário. Não preciso esconder nenhuma tristeza, porque todos nós carregamos um pouco dela em nós e nos nossos caminhos. Minha história é feita de muito mais gratidão e alegria e tenho milhares de motivos para sorrir.
Pela avó que eu tive e pelas lindas lições.
Pela mãe guerreira e cheia de força que ultrapassou muitas tragédias e é o meu orgulho.
Pelo meu trabalho, pois nem todas as pessoas conseguem trabalhar naquilo que gosta e eu sou apaixonada pelo que faço.
Pelos amigos que estão à minha volta e por todos os fins de semana que eu tenho que escolher o que fazer e dar mil desculpas às pessoas que não poderei encontrar já que só tenho dois dias.
Pela minha saúde e por ter desafiado os médicos que disseram que minha perna nunca mais teria a mesma força depois do acidente.
Pelo amor que eu tenho e por ser tão amada, tão mimada, tão colocada no colo...
Pelos meus sobrinhos que são minhas jóias e me fazem sorrir mesmo estando tão longe.
Por todos os dias que eu acordo e percebo que estar aqui significa uma grande oportunidade para desenvolver meu espírito e crescer cada vez mais, cumprindo minha missão e voltando para casa, na hora certa, com a sensação de vitória e dever cumprido.
Por olhar tudo isso e saber que sorrir é a única opção quando enxergamos os milagres de Deus na nossa estrada.
Sou feliz, simplesmente.
Como eu não tinha percebido isso antes?
Ser feliz, é uma escolha.
Faça sua escolha também!

Sobre nossos direitos.

Ontem foi um dia de vitória! Já há algum tempo íniciamos uma verdadeira batalha pelo reconhecimento da união homoafetiva e direitos básicos que todos os casais heteros tem assegurados por lei.
Não foi fácil.
Chegamos ao Superior Tribunal Federal e conseguimos por unanimidade. Um lindo poeta dizia que toda unanimidade é burra. Mas prefiro acreditar nas palavras da minha avó de que em toda regra há uma exceção.
Para todos aqueles que acham que isso é apenas o início da destruição da família. Gostaria que primeiro pensassem que nossa decisão se baseia em algo que não destrui nada além do preconceito.
Eu havia feito um poema e guardado para o livro.
Mas o momento é feito todos os dias.
E esse momento é hoje.

O início.

Como foi?

Em que momento você percebeu?
Que amava um gênero igual ao seu?
Em que momento se deu?
Essa explosão de sentimentos em sua mente?


Em que momento você entendeu?
Que o príncipe encantado, usaria seu batom?
Em que momento o seu tom?
Havia ficado diferente.


Quantas perguntas, quantas lágrimas...


Por que eu?
Por que eu?


Que queria viver um sonho encantado...
Que queria o tal do cavalo branco.
Chegando à sua porta, inesperado.

Em que situação você se viu?
Olhando outras formas, outros padrões?
Como foi a primeira vez que sentiu,
Por uma mesma mulher essas diferentes emoções?


E desejou estar com ela, simplesmente.
Refez o desenho de todos os seus sonhos de infância.
Ouviu palavras duras dos parentes.
Deixou de agir, então como criança.


Qual foi o dia em que você acordou?
Com a mente fixada em pensamentos,
Quando foi que precisou entrar num movimento
Para defender um direito que já era seu?


Foi muito difícil ouvir a sua mãe falar?
Que você era uma decepção?
Como ficou seu coração?
Vendo seu amigo se afastar?


Você já ouviu piada e indecência?
Alguma vez, Já se sentiu menor?
Já precisou provar mais do que os outros a sua competência?
Até reconhecerem seu valor?


Alguma vez você já quis voltar no tempo?
E ser “normal” só pra não ter que sofrer?
O preconceito, a discriminação que vem com o vento
Cada vez que precisa esclarecer.


Que amar um igual também faz parte da jornada
Que sentimos mais alegria que dor.
Que nossa escolha é uma escolha acertada.
Que nossa escolha é uma escolha de amor

Sobre ser criança...

Cuide da criança que há em você e deixe-a mais livre para aparecer e enfrentar algumas coisas. Uma dose de ingenuidade e inocência fazem toda a diferença em alguns momentos.
Mas saiba que ser criança, nada tem a ver com querer ser mimado e colocado no colo o tempo todo. E, ainda, achar que as pessoas precisam ficar em volta de você.
Ser criança não é, simplesmente ser o centro das atenções. Isso é ser egoísta, é diferente.
Ser criança é enxergar o mundo com olhos mais puros e ingênuos e a não segmentar tanto as pessoas e as situações.
Quando deixamos nossa criança interior assumir o controle passamos a ter medo de coisas bobas e não alimentamos mais aquele medo de mudanças bruscas.
A criança se joga, arrisca, cai, levanta, se suja, brinca e ri. E o riso dela preenche todo o ambiente.
Faça um teste. Veja um vídeo com uma gargalhada de criança e dificilmente continuará sério ao terminar.
Ser criança, é ser o milagre.
O milagre de recarregar a bateria das pessoas (e a própria já que elas vivem a 220v).
O milagre de ser humilde e pedir colo quando algo nos assusta.
O milagre de interagir com todas as pessoas e encontrar brinquedos que muitas vezes não são comprados. (Quem nunca brincou com vidro de shampoo, ou coisas mais simples?).
Ser criança, É ser simples sem ser simplista.
A criança não precisa de grandes esforços para ser notada e é capaz de parar um andar inteiro apenas para ser vista.
Joga beijos, charme e alegria e tem aquele poder de nos fazer sentir novos!
Uma maldade com uma criança choca a opinião pública, o mundo e mexe com sentimentos ruins dentro de nós.
Porque carregamos esse cuidado, esse respeito por seres que chamamos de anjos!
Crianças são anjos disfarçados.
São elas que nos carregam no colo, aceitam nosso tempo escasso e nossa pouca vontade em brincar a quantidade de vezes que desejariam.
Não importa quantas vezes você já contou uma história para fazer uma criança dormir.
São elas que embalam, efetivamente, os nossos sonhos.
Elas são a constatação de que a beleza está em todos os lugares.
Como dentro de nós.
Quando somos crianças.